Oito de março é data simbólica para o movimento de mulheres por direitos, reivindicações, denúncias e de perspectiva de mudança.
Em 2017, em diferentes países, mulheres uniram-se na luta e denúncia das violências e violações sofridas há gerações. Mulheres que por muito tempo foram silenciadas pelo machismo, pelo patriarcalismo, pelo poder do opressor, por vezes encoberto pelo padrão cultural, religioso e moral imposto.
Como nas situações que ganharam notoriedade, perto de nós, as mulheres expõem seus sofrimentos, denunciam seus agressores e exigem solução, punição e direito à vida! Precisamos nos atentar à voz profética que clama pela vida.
No Brasil, desde de 2006, está em vigor a Lei Maria da Penha e mesmo com suas brechas no tocante a proteção da mulher, filhas e filhos e garantia de punição do agressor, essa lei é uma conquista importante do movimento de mulheres e do não-silenciamento ou responsabilização da vítima.
Infelizmente, a caminhada para a plena conquista dos direitos das mulheres está aquém da realidade que todas nós queremos. Mulher sofre violência e violação simplesmente por ser mulher. O fato de sermos uma sociedade machista, sexista, patriarcal, de moralismo religioso e como tal, excludente, tem gerado sofrimento às mulheres, negando o preceito bíblico que a carta do apóstolo Paulo aos Gálatas 3.16 nos apresenta:
“Nisto não há judeu, nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.
Independente das interpretações e correntes teológicas referentes ao versículo, é possível entender que para Deus não há diferenças entre macho e fêmea, logo, a posição da mulher não difere da do homem. O que vem depois é construção social determinada por quem detém o poder, não é valor divino. É humano, demasiadamente humano!
E como são questões humanas, é preciso questioná-las, revê-las e reconstruir as relações entre os gêneros.
A religião em toda sociedade é formadora de opinião, dita modo de vida e conduta e em muitos momentos da história a instituição religiosa ficou calada ou foi promotora de violências, violações cometidas contra crianças, mulheres, escravos/as, pobres e, muitas vezes, isso não foi feito aberta e publicamente.
Silenciar diante da injustiça, da opressão e da violência é assumir uma postura tão responsável quanto os/as que cometem. É antagônica à proposta de justiça e vida abundante orientadas por Jesus!
As mulheres querem viver, ter direito à vida segura, receber salário compatível com o cargo que exercem de forma justa, estudar, optar conscientemente pela maternidade, e, entre outros, não sofrer mais pelo fato de ter nascido mulher.
Por um mundo sem machismo e seus males.
A construção de um outro mundo é possível e nós precisamos perceber a nossa parcela de responsabilidade nesta construção.
Respeito, dignidade e vida!
Que a brisa benfazeja da igualdade, do direito e da vida que Deus nos dá seja, de fato, para todas as mulheres, em todas as culturas e sociedades.
Viviane Carvalho
Membro da IM Central em São Bernardo do Campo e
Colaboradora da Assessoria Regional para Promoção dos Direitos Humanos.
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