“Ganhe o mais que puder, guarde o mais que puder e dê o mais que puder” – John Wesley.
A intenção ao produzir um texto falando para olhar para o dízimo como manifestação da graça de Deus sobre nós, é para que você possa trazer o dízimo com alegria e agradecer a Deus pelo privilégio de poder contribuir com a missão da Igreja para que ela propicie a salvação daqueles e daquelas que estão na condição de ovelhas desgarradas que não têm pastor (Mateus 9.36).
Estamos trabalhando na campanha Cada Metodista um Dizimista. No lançamento da campanha, informamos que falaríamos do tema em diversas perspectivas. Nesta reflexão, falaremos do dízimo como graça.
Falar sobre dinheiro, dízimos e ofertas na igreja não é pecado como podem pensar alguns irmãos e algumas irmãs. Nossa palavra enfatiza que ao optar pela entrega dos dízimos, estaremos imersos na graça de Deus. Espero que durante a campanha, os irmãos que têm uma visão voltada para os ditames da lei judaica, sejam esclarecidos e, deste modo, com a mudança conceitual, tornem-se um dizimista/uma dizimista fiel e que tenham prazer em colocar o seu envelope de dízimo no altar e dar condições para que a sua igreja local prospere em abundância, conforme a orientação dada aos Filipenses:
“O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus”
– Filipenses 4.19.
Existem diversos olhares para a questão do dízimo. Para mim, o olhar mais pernicioso é aquele que afirma que o dízimo é um imposto colocado sobre os israelitas do antigo Israel, portanto está no contexto da Antiga Aliança; é coisa da lei judaica e nós estamos no período da graça; estamos desobrigados de cumprir com este imposto mencionado no Antigo Testamento. Vamos ver o que Jesus falou a este respeito. Para mim, Jesus Cristo é a maior autoridade para a orientação de sua Igreja: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas” (grifo meu) – Mateus 23.23; “E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei” – Lucas 16.17.
O que os metodistas pensam em relação a autoridade da Antiga Aliança como Palavra de Deus, de acordo com a sua doutrina bíblica expressa nos Vinte e Cinco Artigos de Religião do Metodismo Histórico? O Quinto Artigo fala Da Suficiência das Santas Escrituras:
“As Santas Escrituras contêm tudo que é necessário para a salvação, de maneira que o que nelas não se encontre nem por elas se possa provar não se deve exigir de pessoa alguma para ser crido como artigo de fé, nem se deve julgar necessário para a salvação.
Entende-se por Santas Escrituras os livros canônicos do Antigo e do Novo Testamentos, de cuja autoridade nunca se duvidou na Igreja”.
A origem do dízimo
O dízimo também deve ser visto e entendido como um ato da adoração e ação de graças ao Senhor. Na Bíblia encontramos histórias do povo de Deus oferecendo dádivas de adoração como reconhecimento da soberania divina. Citamos o exemplo das ofertas de Caim e Abel (Gênesis 4.1-10). Ofertar a Deus, trazer o dízimo e entregá-lo no altar é reconhecimento da nossa dependência de Deus, de Sua misericórdia em todas as nossas necessidades.
Ofertar e dar o dízimo é ter consciência de que tudo pertence a Deus e que Ele nos coloca na condição de mordomos daquilo que pertence a Ele.
Abraão foi o primeiro a dar o dízimo. Ele o deu a Melquisedeque. Abrão não estava debaixo da lei, portanto considerava que o dízimo é somente da lei e não se confirma pela Palavra de Deus: “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo” – Gênesis 14.18-20.
Jacó sabia que o ato de dar o dízimo agrada a Deus e é abençoador. Jacó também não estava debaixo da lei: “E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será Casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo” – Gênesis 28.20-22.
Deus estabelece a consagração do dízimo como algo santo para Ele. Aqui é estabelecido na lei o ato de dar o dízimo: “Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor; santas são ao Senhor. Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor. Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados. Estes são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai” – Levítico 27.30-34.
O dízimo deve ser visto como fruto da graça de Deus. Todos os que foram tocados pelo Espírito Santo e fizeram de Deus o Senhor sobre suas vidas, entendem que o ato de trazer o dízimo é um privilégio dado por Deus a Seu povo.
Dízimo: um ato de obediência
Quando Deus criou o homem e o colocou como mordomo do Jardim do Éden, foi colocada por Ele uma marca da obediência, para que o ser humano se mantivesse debaixo de Sua bênção. Esta informação pode ser encontrada no livro de Gênesis 2.8-10,15-17. Tudo ia muito bem. Adão e Eva puderam usufruir das delícias das bênçãos de Deus, porém chegou o dia em que tocaram naquilo que era a marca da obediência, ela e ele tocaram no que lhes era proibido. Gênesis, no capítulo 3, conta a história e o resultado da desobediência.
Deus exige a demonstração de fidelidade aos princípios estabelecidos como reconhecimento de Sua graça.
O dízimo faz parte dessa exigência. Quem não se curvar ante este imperativo estará à margem da misericórdia e da providência do Senhor.
Observamos que o dízimo existiu antes da promulgação da lei, permaneceu no período da lei e depois da lei, com a vinda de Jesus Cristo ao mundo. Ele confirma a importância do ato de dar o dízimo e não se esquecer do amor, da bondade e da misericórdia.
Tudo vem de ti, Senhor
Deus conhece o coração do ofertante e olha para o que o motiva a ofertar: adoração, ação de graças, reconhecimento da Sua soberania e bondade, se o faz com alegria.
Deus é dono de tudo: “Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há” – Deuteronômio 10.14; “Porque quem sou eu, e quem é o meu povo, para que pudéssemos oferecer voluntariamente coisas semelhantes? Porque tudo vem de ti, e do que é teu to damos” – 1 Crônicas 29.14.
Devemos ter consciência de que nada do que temos nos pertence, tudo é de Deus.
Ele nos coloca como mordomos de seus bens e estabeleceu, a meu ver, como teste de fidelidade o dízimo e as ofertas para o sustento da missão de Deus por intermédio da Igreja.
O desafio que deixo a vocês é o de sermos fiéis e aprovados/as diante do Senhor.
José Carlos Peres